terça-feira, 30 de março de 2010

sábado, 20 de março de 2010

Performance 'Espaço para dança' no evento Movasse - Festival de solos , duos e trios em Manaus/AM

Apresentações nos dias 07 e 08 de abril no Largo de São Sebastião, centro da cidade de Manaus/AM.
O trabalho já foi apresentado na rodoviária e Parque municipal de Belo Horizonte/MG e Bienal Sesc de dança - Santos/SP.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Instalação 03 - Um solo é o centro de um círculo. Un solo est le centre d'un cercle.


Foto-photo: Annie Rodier
Instalação 03 do projeto "O leito por detras do Rio, destilar a pele" - Le lit au delà de la rivière, distiller la peau.
Um solo é o centro de um círculo.
O limite, o ponto confinado em sua membrana que determina o espaço de movimento. A matéria para a composição é o direcionamento do fluxo gerado por impulsos internos.
"O ponto geométrico é um ser invisível. Do ponto de vista material o ponto é igual a zero. Este ponto evoca a concisão absoluta, isto é, a maior reserva que no entanto fala. Ele pertence à linguagem e significa silêncio (...) Na fluidez da linguagem, o ponto é o símbolo da interrupção do Não-ser (elemento negativo) e, ao mesmo tempo, é a ponte entre um ser e outro (elemento positivo). (...) O interior é murado pelo exterior. O ponto faz parte do domínio dos hábitos que são arraigados em nós com sua ressonância tradicional, que é muda.
Choque: muitas vezes um abalo excepcional pode arrancar-nos dessa letargia e restituir-nos uma sensibilidade viva. (...) Os choques externos (doença, infelicidade, tristeza, guerra, revolução) arrancam-nos à força por um tempo mais ou menos longo do círculo dos hábitos tradicionais, mas eles são sentidos, em geral, como uma 'injustiça' mais ou manos grave. Então o desejo predominante de reencontrar o mais depressa possível o estado perdido dos hábitos tradicionais prevalece sobre qualquer outro sentimento. (...) O olho aberto e o ouvido atento transformam as mais ínfimas sensações em acontecimentos importantes. De todas as partes afluem vozes e o mundo canta. (...) os signos mortos se tornam vivos e o que estava morto revive.
Isolamento: Isolando-se pouco a pouco o ponto do círculo restrito de sua ação habitual, suas características internas, até então mudas, desprendem uma ressonância crescente. Suas características - tensões internas - desprendem-se uma a uma das profundezas de seu ser e suas forças irradiam-se. Seus efeitos e influências superam os refreamentos humanos.
Maior libertação: O aumento do espaço livre e das dimensões do ponto diminui a ressonância da escrita, e o som do ponto ganha em clareza e força.
Ser autonômo: O ponto, arrancado assim de sua posição habitual, agora toma o impulso para dar o salto de um mundo a outro, libertando-se de sua submissão e do prático utilitário (...) Evolui para a necessidade interior. (Wassily Kandinsky- "Ponto e linha sobre o plano"- Fragmentos retirados das páginas 15-20).
"O ponto, tem som e tensão". De fato, o ponto se encontra fechado em si mesmo, e não tem qualquer tendência a se abrir ou a se deslocar em qualquer direção. Não avança nem retrocede. O ponto firma-se em seu lugar e se instala sobre uma superfície. Representa a afirmação interna permanente. Afirmação breve, concisa firme e rápida. (...) O ponto é um ente vertido sobre si e pleno de probabilidades (...) Na arquitetura e na escultura, o ponto resulta da intersecção de vários planos: é o fim do ângulo no espaço e, ao mesmo tempo, o centro de origem destes planos. (ibidem) (...) Como o ponto se transforma em linha: Do interior do ponto se originam diversas forças e tensões; mas existem outras forças que não vêm de dentro (como a vontade do artista, por exemplo) se lança sobre o ponto, que está preso a um plano, e então ele se vê arrancado de seu poder concêntrico, de seu silêncio, e se vê também deslocado para certa direção (...) É aí que surge a linha...o traço que o ponto deixa ao se mover."(Marta Povo - "Arte e energia" pág. 115).
O átomo (molécula) errante que rompe a membrana do limite e dispersa-se pelo espaço, e além disso, é levado pela corrente, destacado na citação: "O movimento fundamental das moléculas de água é caótico (segundo a teoria atômica de Eisntein) (...) As moléculas de água voam para lá e para cá, seguindo uma linha reta até serem defletidas por um encontro com uma de suas irmãs. (...) Esse tipo de trajeto- no qual a direção se altera aleatoriamente em diversos pontos - muitas vezes é chamado de 'andar do bêbado'. O movimento aleatório de moléculas num fluído pode ser visto como uma metáfora para nossos próprios caminhos pela vida."(Leonard Mlodinow - "O andar do bêbado", como o acaso determina nossa vidas, pág. 177).
Do ponto de vista, podemos dizer 'psíquico', foi ponto de partida para o processo criativo o conto: "Os sapatinhos vermelhos", da obra "Mulheres que correm com os lobos", de Clarissa Pinkola Éstes. A protagonista de 'sapatinhos vermelhos' é alvo da 'maldição da dança mortal'. Seus pés tem vontade própria aprisionados pelo 'desejo' dos sapatinhos. Na interpretação Jungiana dos fatos, feita por Clarissa, os sapatinhos são o signo do fogo, 'del hambre del alma' (fome da alma) por algo que faça a mulher se sentir viva. O vermelho é a cor da vida e do sacrifício. É a presença do conflito morte-vida, portanto é o corpo ponto inquieto que se recusa a calar ou morrer, ao mesmo tempo que os sapatinhos levam a morte, eles também se apresentam como único meio de encontrar a liberdade, que talvez seja a morte simbólica na busca de uma possível renovação.


terça-feira, 16 de março de 2010

Projeto Colaboratório 2010 - Festival Panorama de dança, Rio de Janeiro, Brasil

Cris Oliveira é participante do projeto Colaboratório 2010.

Destilar a pele, distiller la peau - Fondation Royaumont, 05 de março de 2010

Compositor/Compositeur: Fernando Garnero
Percussão/Percussion: helène colombotti
Guitarra/Guitarre: Evan Gardner
Eletrônica/Electronique: Daniel Zea
Canto/Chant: Annie Rodier

Cris Oliveira continua seu trabalho entorno do simbolismo orgânico dos líquidos e da pele de maneira ás vezes frontal, direta (mel, leite, água, óleo...) e metafórica se modelando e recompondo uma identidade a partir destes elementos. Ela implanta assim uma performance à beira do palco, jogando com água e plástico ('bâche' no chão, luvas) a velocidade e o conflito, o fluxo e a intensidade, acompanhada por uma composição musical rica, densa, partindo de um tapete sonoro muito orgâico que se implanta e sobe em potência, trabalhando as discordâncias e a saturação antes de encontrar uma forma de apaziguamento cristalina.

"Cris Oliveira poursuit son travail autour de la symbolique des liquides et de la peau de manière á la fois frontale, directe (miel, lait, eau, huile...) et métaphorique, se modelant et recomposant une identité à partir de ces éléments. Elle dépolie ainsi une performance en bord de scène, jouant de l'eau et du plastique (bâche au sol, gants mappa), de la vitesse et du conflit, du flux et de l'intensité, accompagnée par une composition musicale riche, dense, partant d'un tapis sonore trés organique qui se déploie et monte en puissance, travaillant les discordances et la saturation avant de retrouver une forme d'apaisement cristallin". - par Emanuelle (texte du programme)

Cris Oliveira

Cris Oliveira tem formação no ballet clássico, dança contemporânea. É graduada em Artes Cênicas, pós-graduada em Gestão Cultural e possui formação na área de pesquisa e composição coreográfica pelo programa ‘Transforme – Perceptions’ (2009-2010) em estudos realizados na Fondation Royaumont - Paris. Foi integrante da Cia. de Dança Palácio das Artes (2001-2009), onde atuou em obras de vários coreógrafos e como criadora-intérprete a partir do método BPI (Bailarino-pesquisador-intérprete), criado por Graziela Rodrigues. Em 2005 recebeu o prêmio SIMPARC de melhor bailarina de Minas Gerais, por sua atuação em “Coreografia de Cordel”. Desde 2006 desenvolve trabalhos independentes e em parceria com outros profissionais, assumindo uma prática interdisciplinar no campo das artes, apresentando suas obras em diversas regiões do Brasil e no exterior.

Participou das residências Colaboratório (2010) no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro; “Interferencias” México (2010), ZAT 8 – ‘Hallucinatory body’, com Lynda Gaudreau, no Fid 2011 e Interferencias (2121) – Impulstanz Festival, Viena (Áustria).

Realizou curadoria parcial para o evento ‘1,2 na dança’– edição 2011, na indicação de solos de artistas internacionais. Publicou o artigo: Tecnologia da pele – arte, experimentação, interdisciplinaridade e a dança (Revista Prosa!-março/2012). É representante do projeto Interferências no Brasil para a Edição do encontro no país para 2013 e colaboradora do Interferencia’s book, apresentado no Impulstanz Viena (Áustria), Devir CAPA (Portugal) e Centro de las artes de San Luís Potosí (México).

Estudou com: Ana Mondini, Cizco Aznar (Suíça/Espanha), Holly Cavrell (EUA), Foofwa d’Imobilité (Studio 44, Genéve), Julie Bougard (menagèrie de verre – Paris), Damien Jalet ( La Rafinerie - Bruxelas), Krosro Adib (Irã/Bélgica), Jean Marie Huppert-Eutonia, Richard Shuterman (EUA) – método Feldenkrais,; Maria Thaís (máscara neutra); Fernando Liñares (Teatro Antropológico); Fernanda Lippi (Teatro Físico), Luiz Abreu (Dramaturgia e Direção); Dominique Brun (Esforço/forma em Laban); Claire Roussier (pensar o solo) e Myriam Gourfink(yôga). Atualmente programadora de dança no Sesc Palladium, Belo Horizonte/MG.

CONTATO

Belo Horizonte-MG

destilarpele@gmail.com

tel: (31) 9538-3545